sotaque brasileiro, por favor
Os avanços científicos têm permitido aos geneticistas confirmar as restantes evidências (ex. arqueológicas, morfológicas e comportamentais) de que o lobo é, efectivamente, o ancestral do cão. Segundo os registos fósseis, a domesticação do lobo terá ocorrido há cerca de 14.000 anos na região do Crescente Fértil, tendo os cães sido rapidamente disseminados por toda a Europa, Ásia e América do Norte. Estudos genéticos indicam ainda que a domesticação deverá ter ocorrido apenas uma vez.
Apesar da presença de cães no território português desde o Mesolítico (10.000-5.000 anos atrás), indícios das primeiras raças surgem apenas nas representações de cenas de caça em mosaicos da época Romana. As primeiras referências às raças nacionais no séc. XVI, sugerem que estas poderão existir há pelo menos 300-600 anos. Embora não seja possível datar a sua origem com precisão, as raças nacionais são consideradas bastante recentes. Com efeito, os estudos efectuados por esta investigadora, revelam uma semelhança genética entre todas as raças, indicando que a maioria deriva de um mesmo grupo ancestral e que terão tido uma origem recente. Os dados obtidos tornam assim improvável que as raças nacionais tenham resultado de um processo adicional de domesticação do lobo.
Os cães de gado sempre foram um elemento importante para as comunidades agro-pastoris, o que é evidenciado pelo facto da primeira alusão aos cães no início da nacionalidade incluir os cães de gado: “Todo ome, que galgo, ou podengo, ou perro de gaado matar, peyte dous maravedis”. No que diz respeito ao Cão de Castro Laboreiro, a sua qualidade e importância são evidenciadas por diversos autores. Augusto Leal (1874), ao descrever a região, faz menção aos cães existentes: “Criam-se aqui mastins d’uma corpolencia e vigor extraordinarios, pois qualquer d’elles mata um lobo!” Também o etnógrafo José Leite de Vasconcelos (1933) faz referência ao Cão de Castro Laboreiro como cão de gado: “aos cães de montanha pertencem no Continente, como cães de gado, os … de Castro-Laboreiro”. Escritos galegos sobre o pastoreio na vertente galega da Serra do Laboreiro mencionam igualmente este cão, utilizado para proteger o gado dos ataques dos lobos em território português. Na literatura encontram-se igualmente referências à raça, como no romance de Camilo Castelo Branco, A Brasileira de Prazins (1879).
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