Portuguese Script Request

- Eu ainda nem acredito que o pai da Bea me ligou a dizer que eu estava contratada.
- E começas quando?
- Já amanhã de manhã. Acreditas que nem foi preciso acertar o preço, nem nada? Ele aceitou logo o que eu lhe propus.
- Claro que acredito! Eles não têm propriamente problemas de dinheiro, não é? Eu fico muito feliz por ti, Ana, a sério!
- Obrigada! Agora que este mundo é muito pequeno, é! Quem diria que eu iria acabar por dar explicações à irmã da Susana, não é?
- É, podes crer! Eu não paro de pensar nisso. Sabes, eu e a Susana estamos chateadas mas eu continuo a gostar muito da Bea e da Marta. E é por isso que eu gostava de te pedir um favor.
- Diz. No que eu puder ajudar.
- Eu acho que tu devias contar à Marta que vais dar aulas particulares à Bea, no verão.
- Achas?
- Sim, acho. Deve-lhe custar muito estar longe da filha. Eu não me ia sentir bem se não lhe contássemos, percebes?
- Sim, tens razão. Eu amanhã passo na mercearia e conto-lhe o que se passa.
- Boa. Ela vai ficar muito feliz por saber o que se passa com a filha. Diz lá, agora eu quero é fofocar. Diz lá como é que é a casa desses ricaços. Deve ser um palacete, não?
- Nuuumm, nem por isso. É uma casa grande, mas não é gigante.
- E eles? Foram muito antipáticos, ou nem por isso?
- Não, até foram bastante simpáticos. Oh, Daniela, eles são como nós, não são nenhuns extraterrestres.
- Ah, a sério? Eu ia jurar que eles eram de outra galáxia. Diz lá, diz lá, mais coisas.
- A avó foi simpática mas é um pouco mais distante. Agora, o pai da Bea, ele é muito simpático. E ele é giro que se farta, Daniela.
- Pois mas o que ele tem de giro também tem de parvo.
- Pois, eu sei. Olha, pode-te parecer estranho mas sabes que eu gostei dele. Ele pareceu-me empenhado na educação da filha e preocupado com ela.
- Sim, até pode ser que sim, mas lá que foi um grande sacana com a Marta, lá isso foi.

- E é preciso tanto tempo para o Gabriel ver a documentação da fábrica? Não podem fazer o negócio de uma vez por todas?
- O Gabriel é um gestor com muita experiência. Ele não vai fazer um negócio assim sem mais nem menos. De certeza que vai querer esmiuçar tudo.
- É. E se ele põe entraves à venda. Se ele duvidar dos números!
- Não me parece que isso possa acontecer. Ele não tem nada por onde pegar.
- Eu gostava de saber é por que é que aqueles dois estão a demorar tanto tempo. O Gabriel sabe perfeitamente que nós estamos à espera deles.
- Não tarde nada, vou busca-los.
- Ai, é verdade. Sabem a última? A Luísa tem um namorado novo.
- Ah, ah, ótimo, assim ela segue o caminho dela e deixa-te em paz.
- E não querem saber quem é esse namorado novo?
- E nós conhecemos?
- É o Gonçalo.
- O Gonçalo, o nosso advogado?
- O teu amigo Gonçalo?
- Nem mais! É para verem as voltas que o mundo dá.
- Ah, realmente! Incomoda-te?
- A mim? Não, claro que não! Por que razão é que haveria de incomodar? Eles são maiores e vacinados. E eu também já não tenho nada a ver com a Luísa.
- Claro, claro. Mas não deixa de ser esquisito que a Luísa tenha escolhido para namorado o teu melhor amigo.
- Sem querer envenenar. Será que esse relacionamento é de agora? Não existira já qualquer coisa enquanto estiveste casado com ela?
- Não, pai, disso eu tenho a certeza que não. Eu acho muito bem que eles fiquem juntos. O Gonçalo é uma ótima pessoa, gosta dela e vai respeitá-la.

- Então, falta muito? A avó está lá em baixo à nossa espera para jantar.
- Só mais um bocadinho. Não posso deixar a Mimi ir jantar sem roupa, se não constipa-se.
- Sim, é verdade. Mimi! Não sabia que ela se chamava Mimi.
- Sim, fui eu que lhe dei o nome quando a minha mãe me deu a boneca. Eu era mais pequenina mas eu ainda me lembro.
- E andas sempre com ela?
- Sim, gosto muito dela. Foi o único brinquedo que trouxe de casa da minha mãe.
- Por que é que não trouxeste mais?
- Porque o pai não deixou.
- E ela faz-te muita companhia agora?
- Sim. Só consigo dormir se estiver com ela. Assim posso fingir que estou em casa, na minha cama, com a mãe e com a mana.
- Tens muitas saudades, não é, Beatriz?