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yonosa
868 Words / 2 Recordings / 1 Comments
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portugues do brasil por favor!

E onde está Kim Jong-Il, o filho?

Não demora para o visitante entender que o tirano norte-coreano, de cabelos espetados como os do cantor Chico César, é, entre os Kims, o menor. O "Querido Líder", como é chamado no país, é pouco mais do que o representante de seu pai na terra. O culto a Kim Il-sung – cujo nome não é jamais pronunciado sem um dos epítetos costumeiros: "Grande Líder", "Sol da Humanidade" ou "Inigualável Patriota" – deve-se principalmente ao fato de que, sob o seu reinado, a Coreia do Norte viveu os seus melhores dias, graças à mesada da então União Soviética. Até 1965, o PIB do país era três vezes o da Coreia do Sul e cada grão que brotava do solo era apresentado como um presente ofertado ao povo por Kim Il-sung. Quando cessou a ajuda dos camaradas russos e a grande fome do fim dos anos 90 devastou a Coreia do Norte, obrigando as embaixadas da vizinha China a instalar cercas de arame farpado para impedir que multidões de refugiados famintos pulassem os muros em busca de comida e asilo, o Grande Líder já desfrutava a paz dos mortos. Sobrou para o filho a ruína em que se transformou o país depois de décadas de isolamento e gestão calamitosa. O Chico César coreano não é exatamente um gênio da política e administração – sua opção preferencial é pelo investimento em armas nucleares. Resultado: hoje, o PIB da Coreia do Norte equivale a 3,1% do da Coreia do Sul (veja o quadro).

A foto de Kim Jong-Il, ao lado da do pai, aparece pela primeira vez no hotel em que a reportagem se hospedou. O Yanggakdo, no centro de Pyongyang, tem 1 000 quartos e 47 andares. No fim da década de 80, quando a sua construção teve início, a inimiga Coreia do Sul havia começado a erguer em Cingapura o que seria um dos hotéis mais altos da Ásia. O Yanggakdo e o Ryugyong, esse último jamais terminado, vieram para mostrar que os norte-coreanos também eram capazes de fazer edifícios altos. Ainda que vazios. Na última semana do mês passado, dos 1.000 quartos, apenas quarenta estavam ocupados. No Yanggakdo, os telefonemas são monitorados, os fax recebidos são lidos antes de ser entregues ao hóspede e os cartões-postais enviados de lá podem ou não chegar ao destino, dependendo do seu conteúdo, conforme aviso dado pela agência de turismo chinesa. Antes de irem para os quartos, os turistas têm de entregar seu passaporte à guia norte-coreana, que ficará com ele até o fim da viagem.

Do alto do 38o andar, a visão que se tem de Pyongyang é a de uma bela cidade cercada de colinas. O Rio Taedong, margeado por árvores e parques, corre ao longo de boa parte da região central, o que faz com que, além de imaculadamente limpa, a cidade pareça fresca e verde. Pyongyang foi inteiramente reconstruída depois da Guerra da Coreia (1950-1953). Tem avenidas largas, monumentos grandiosos e nenhuma casa térrea, só prédios – monótonos, compactos, soviéticos. Nas avenidas centrais, as mulheres se vestem basicamente do mesmo jeito: saia azul e blusa branca, sempre com salto alto. Olhá-las caminhando nas calçadas provoca uma imediata sensação de estranhamento no recém-chegado – parece que falta alguma coisa na paisagem. E falta mesmo: além da ausência de lojas, os carros em circulação em Pyongyang são tão poucos que, entre a passagem de um e outro, seria possível comer um prato inteiro de kimchi – a apimentada conserva de acelga que é a base das refeições na Coreia do Norte. Mas nada supera o espanto causado pela visão das guardas de trânsito da capital. Postadas em pedestais instalados nos cruzamentos, elas mantêm uma frenética atividade de sinalização com a cabeça e os braços mesmo quando as ruas estão desertas – e elas sempre estão desertas. A explicação da guia para o comportamento é a seguinte: como, por muito tempo, os Estados Unidos impediram a Coreia do Norte de desenvolver seu programa de energia nuclear, o país passou a sofrer de um déficit crônico de eletricidade. Assim, as controladoras de tráfego atuam como semáforos humanos, já que o uso de similares eletrônicos seria um desperdício. E por que elas têm de gesticular sem parar mesmo quando não há um único carro na rua? A guia não sabe responder. Diz-se na Coreia do Norte que o Querido Líder em pessoa (também conhecido como "Inteligente Líder" ou "Respeitado Líder") é quem escolhe as belas guardas – dissimulados símbolos sexuais e heroínas de muitos dos filmes produzidos lá (Sentinela do Cruzamento, por exemplo, fala sobre "a dedicação ao trabalho e o terno amor das guardas pelo povo e também sobre a verdadeira supremacia do socialismo do nosso país", diz o texto que resume o enredo).

FANTASIA E REALIDADE
O outdoor com a maquete de um edifício inexistente ilustra a Pyongyang que a Coreia do Norte gostaria de ter; o bonde decrépito dos anos 70 revela a falta de infraestrutura da capital do país

ELES ESTÃO DE OLHO EM VOCÊ
Passageiros norte-coreanos em vagão de trem com retratos de Kim Il-sung e Kim Jong-Il: pai e filho estão também nas estações de metrô, prédios e avenidas de Pyongyang

Recordings

  • O país mais fechado (e estranho) do mundo, Parte 2 ( recorded by Fabrini ), unspecified accent

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  • O país mais fechado (e estranho) do mundo, Parte 2 ( recorded by Jess_yess ), Brazilian Portuguese

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Comments

Jess_yess
April 19, 2014

Há palavras em coreano que não consigo pronunciar muito bem rss. Bons estudos!